domingo, 24 de janeiro de 2021

 


BAHIA, EM XVII DE NOSSO SENHOR

 

Gregório de Matos rabiscava um poema, nas escadaria da Igreja de Nossa Senhora da Vitória, um dos seus lugares preferidos, posto que tinha uma ampla visão da praça e do entorno. Gostava de estar nas tavernas, nos bares, nas ruas, praças e igrejas, era assim que se informava, além dos parcos periódicos europeus que chegavam à cidade.

Alguns pombos pousaram no pátio da igreja, o tocador de sinos entrou, se preparando para anunciar a missa da Ave Maria, a tarde estava tranquila e inspiradora, na cidade de S. Salvador.

Subitamente, seu semblante se alterou, e um fio de preocupação lhe percorreu o pensamento, quando alguns passantes, notadamente nobres portugueses, apontavam em sua direção, e entre cochichos, diziam: É este o “Boca do Inferno”. No entanto, ele já sabia, sua fama àquela altura, se espalhara por toda a colônia. Incomodados estavam a coroa portuguesa, comerciantes, traficantes de escravos, funcionários da realeza, como os cobradores de impostos e até mesmo o clero. A situação só não estava pior, porque contava com a simpatia do então governador D. João de Alencastro.

Apesar de tudo, ele estava decidido, e como Camões, salvando “Os Lusíadas”, no mar revolto, iria até o fim.

O sol começava a se esconder, por trás da Baía de Todos os Santos, o poeta recolheu seus escritos, e foi se encontrar com sua amante, Maria de Povos, na taverna portuguesa “Delícias do Porto”.

Erivan Santana



 

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