CADILLAC RECORDS
Filmes em dvd e blu-ray ainda existem – acreditem – e eu sou um desses cinéfilos que ainda tem uma coleção desses, devidamente guardada e conservada.
A indústria
cinematográfica atual, visa, em sua grande maioria, fazer sucesso com os
chamados “blockbusters”, e assim, ganhar dinheiro, e muito.
Até certo ponto,
compreendemos, tendo em vista os custos da produção de um filme, que são altos.
Mas a busca obsessiva pelo sucesso, abrindo mão da qualidade artística,
incomodam, embora alguns filmes de sucesso tenham também, qualidade estética e
artística, ressaltando aqui, que tudo isso também dialoga com o subjetivismo,
afinal, estamos falando em um campo muito pessoal.
Isto posto, vamos ao “Cadillac
Records”. O filme retrata a Chicago dos anos 50 e 60, dominada pelo preconceito
racial, sobretudo, com os negros. E aí, surge um grande paradoxo, pois os
grandes talentos do folk, do jazz e do blues – que deram origem ao rock ‘n’ roll
– eram negros.
O filme mostra a ascensão
da gravadora Chess Records, de Leonard Chess, dando voz e visibilidade a
artistas como Muddy Waters, Little Walter, Willie Dixon, Etta James, e talvez,
o mais conhecido deles – Chuck Berry, que inovou o jeito, inclusive, de tocar a
guitarra elétrica.
Chama a atenção o fato de
que praticamente todos eles tiveram uma história de vida difícil, vindos de
contextos sociais extremamente pobres e humildes, como Muddy Waters, que era um
agricultor no Mississipi.
Ao contrário do que
muitos pensam – o rock ‘n’ roll não nasceu com Elvis Presley, mas sim com estes
artistas já citados, o que implica dizer também, da influência da música de
raiz africana naquele que viria a ser um dos gêneros de maior sucesso em escala
global, que o digam os Rolling Stones, Beatles e Led Zeppelin, para ficarmos
apenas nestes três exemplos.
Assistam a “Cadillac Records”,
um filme rico de história e música, um tributo aos artistas originários que nos
legaram as raízes da música, tal qual a conhecemos hoje.
Erivan Santana é
professor e poeta, cronista e titular da Cadeira 36 da Academia Teixeirense de
Letras (ATL).