domingo, 26 de julho de 2020







AS CANÇÕES QUE VOCÊS FIZERAM PRA MIM


A feia fumaça que sobe, escondendo o céu e as estrelas, diminuiu, e nas esquinas de São Paulo, estamos tendo  mais elegância, pois árvores, aves e outros bichos estão aparecendo mais. O melhor mesmo a fazer, é fugir, baby, para onde haja um tobogã, onde a gente escorregue e possamos regar flores pela manhã, assim fica melhor. Já repararam que com esta pandemia, estamos valorizando coisas mais simples,  e nos encontrando mais conosco e com a família? Mas não se enganem, estamos sendo obrigados a desenvolver valores, como a empatia, tolerância e gratidão. É lamentável, mas o ser humano é assim, somente se desenvolve espiritualmente, em situações adversas.
Let it be (Deixe estar), foi um dos últimos sucessos dos Beatles, uma tentativa desesperada de Paul McCartney de unir o grupo. Não deu certo, e a separação veio, o sonho tinha acabado. Eis que as palavras de sabedoria sempre vêm, principalmente nas horas que mais precisamos, meus caros predestinados de Liverpool. Mas vocês precisam saber, eu sou da América do Sul, e sou apenas um rapaz latino-americano, sem parentes importantes, e sem dinheiro no banco.
Meu Brasil que sonha com a volta do irmão do Henfil, com tanta gente que partiu, chora a nossa pátria mãe gentil, chora Marias e Clarisses, escrevia o agora saudoso Aldir Blanc, em célebre interpretação de Elis Regina, um samba que se transformou num hino contra a ditadura militar e a favor da anistia e da abertura democrática.
Não chores mais, diz Gil, no grande sucesso que ecoou pelo Brasil, no final dos anos 70, e que marcou o país. É preciso ouvir esta canção, novamente, nos dias de hoje, para que, ao pisar o chão, de manhã, a vida seja mais leve.
É tanta notícia, tanta informação, em tempos de internet, que é impossível acompanhar tudo. Que falta fazem o Jornal do Brasil, a Manchete, o Pasquim e o Sol. Sigamos em frente, sem lenço, sem documento, nada no bolso ou nas mãos, vivendo amor, por que não, dizia o jovem tropicalista, sem saber ao certo o que a modernidade poderia nos trazer, em uma noite de 1967.
Eu, de cá, continuarei sentado à beira do caminho, ouvindo as canções que vocês fizeram pra mim.

ERIVAN SANTANA



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