quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

 


MEMÓRIAS DE UM CERTO ESCRITOR


Era fim de tarde na cidade do Rio de Janeiro. Um senhor elegante e com passos decididos, caminha no Largo da Carioca. O acendedor de lampiões passa por ele, pronto para iniciar o seu trabalho, o bondinho de Santa Tereza cruza a estação, carregado de operários, feirantes, gente do povo, retornando para as suas casas.

O notável escritor foi até à Tabacaria Portuguesa, procurar a última edição da Revista Brasileira, onde tinha acabado de ser publicado o último capítulo de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, livro que norteia e inaugura a fase consagrada do autor, e marca o início do que há de melhor em nossa literatura, o que efetivamente se consolida em seguida, com “Dom Casmurro”.

Na verdade, os livros em questão foram pouco compreendidos à época, caracterizados pela fina ironia, os duplos sentidos, a metalinguagem, o enredo escrito de modo não linear, a inovadora originalidade.

A esta altura, conhecido e admirado pela alta sociedade carioca, Machado de Assis conhecia e acompanhava a literatura europeia, e apesar das suas recentes propostas, como o determinismo social, a descrição minuciosa dos personagens e ambientes, o engajamento político, o eminente escritor brasileiro interessava-se pela crítica fina e irônica às pessoas e à sociedade, a imersão na análise sutil da psicologia dos personagens, sempre de forma a demonstrar, muitas vezes, a pequenez da condição humana.

O modernismo brasileiro muito lhe deve, já, que na verdade, foi o precursor desta definitiva literatura que ficou para a posteridade. A leitura da sua obra é sempre um exercício de conhecimento e novas descobertas, dado a grandeza e originalidade dos escritos do “Bruxo do Cosme Velho”.

Machado de Assis, de origem humilde, negro e autodidata, fundador da ABL (Academia Brasileira de Letras), é considerado o nosso maior escritor e está ao lado dos maiores nomes da literatura universal.

Erivan Santana




 


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

 


BERLIM, O CERCO FINAL

 

Berlim, 1945. Forças soviéticas investem contra os últimos redutos da defesa alemã, que insiste em não se render. A batalha segue rua a rua, casa a casa, em violentas e sangrentas lutas corporais. As mulheres alemãs são impiedosamente estupradas, conforme relatado no livro anônimo “Uma mulher em Berlim”. Na guerra, a vida e a dignidade da pessoa humana são desprezados, restando a violência, a dor, o caos. A cidade está praticamente destruída, tanto pelo avanço soviético por terra, como pelos incessantes bombardeios dos caças americanos.

Há treze anos antes, em 1932, Berlim era uma das cidades mais livres e democráticas do mundo. Marlene Dietrich cantava o “Anjo Azul”, na elegante avenida Alexanderplatz e Thomas Mann saboreava o seu prêmio nobel de literatura, à sombra das árvores da avenida Unter den Linden.

Em 1933, tudo muda com a chegada de Hitler ao poder, diante dos comunistas alemães, principal força política de oposição à época, confusos e divididos. Ainda neste mesmo ano, eles cantavam pela última vez a “Internacional", pelas ruas de Berlim. A guerra custaria a morte de 50 milhões de pessoas, a maioria, civis inocentes, e deixado uma Europa e parte do mundo em ruínas.

Finalmente, os alemães caem em Berlim. As forças soviéticas ocupam a cidade. Ana Pavlovna, uma bela enfermeira russa, controla o trânsito, no portão de Brandemburgo. Em meio aos escombros, à fumaça e a névoa do inverno europeu, a bandeira vermelha é hasteada no alto do Reichstag, sede do outrora governo de Hitler.

Em Paris, soldados das forças aliadas, incluindo os das colônias francesas e britânicas, são ovacionados, com a multidão em festa, ocupando a Champs - Elysées. Era o fim da segunda grande guerra.

Erivan Santana




 

  CADILLAC RECORDS   Filmes em dvd e blu-ray ainda existem – acreditem – e eu sou um desses cinéfilos que ainda tem uma coleção desses, de...