A ETERNA TROPICALISTA
Gal Costa nos deixou,
neste novembro de 2022. Ela era como uma dessas pessoas, que pensamos que nunca
irão morrer, mesmo sabendo que um dia, o portal se abrirá para cada um de nós.
Diva tropicalista, foi
símbolo de uma geração e representou Caetano e Gil, quando estes foram presos e
em seguida exilados, em decorrência da ditadura militar no Brasil. Nessa época,
entre outras, três canções ficaram imortalizadas na voz de Gal Costa: “Baby, Divino
Maravilhoso e Vapor Barato”.
As composições
registram e refletem em suas letras, os movimentos de contracultura à época,
como o Maio de 68, na França, e o famoso festival de Woodstock, realizado em
1969, no estado de Nova York, nos Estados Unidos. Estas canções ficaram
reconhecidas também, como hinos de resistência ao período de exceção, no
Brasil.
Certa vez, tive a
oportunidade de assistir a um show de Gal Costa no Teatro Castro Alves em
Salvador. A sua voz era impressionante - suave e doce, mas forte ao mesmo tempo,
além de ter um imenso carisma e presença no palco. Ao longo de sua longa e
brilhante carreira, nos presenteou com interpretações e sucessos como “Força
Estranha, Jovens Tardes de Domingo e Festa do Interior”, demostrando o seu
talento e versatilidade.
Esta geração de Caetano
Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa, Milton Nascimento e Chico
Buarque, entre outros, são talentos raros, e quase insubstituíveis, na história
moderna da MPB.
Gal Costa, a eterna
tropicalista e primeira dama da MPB, foi sepultada no Cemitério da Ordem
Terceira do Carmo, na Consolação, em São Paulo, num fim de tarde com chuva e
profundo silêncio.
nov. 2022
E/Santana